Lucas Silveira fala sobre as novidades que estão por vir na banda.
Quanto à Fresno, o ano começou MESMO só agora. O verão é uma época bem fraca pra gente. Salvo festivais grandes, como o Planeta Atlântida, e um ou outro show pelo litoral, a gente faz porra nenhuma, o que tem seu lado positivo, afinal de contas, todo mundo precisa de férias, às vezes. Mas eu andei pensando muito nesse momento que está rolando na música brasileira. Andei conversando com uns amigos do rolê, e o lamento é sempre o mesmo: “poxa, que merda, estamos com poucos shows marcados, o mercado está horrível, todo mundo só quer saber de sertanejo, de colorido...”, ou “a coisa está difícil pro rock... nos anos 90 é que era bom, os caras tão ricos”. Sei lá, eu procuro enxergar nesses momentos de crise uma esperança de que haja uma reviravolta. Uma mudança boa. E quer saber? Que bom, que ótimo que parte das pessoas que antes iam ao show da Fresno agora tão indo no show do Luan Santana, do Restart, de quem for. Sério, nada contra ninguém MESMO, mas podem ficar com eles, a gente não quer ninguém de volta. Eu quero no nosso show gente que me ouve porque gosta daquilo, e gente que gosta daquilo porque se identifica. Eu quero um público de verdade ali embaixo cantando comigo. Essas pessoas existem, e nunca nos abandonaram. Podem ter se retraído, mas estão todos por aí. Eu não me importo se é homem, se é mulher, se é gay, eu quero que aquelas pessoas entendam a catarse coletiva que sempre foi o show da Fresno, e que deixou de ser nesses anos de super-exposição que a gente teve, anos em que herdamos esse público volátil que nem sabe o que quer ouvir.
A gente passou da capa da Capricho pra capa da Rolling Stone, e isso pra quem tinha lá atrás o sonho de ser rockstar é o auge de uma carreira, mas não pra mim. Eu não me vejo no auge. Temos coisas em mente, planos grandes. Queremos viajar o Brasil de novo, agora com o Revanche debaixo do braço, queremos levar outras bandas, mas um pessoal que seja do rolê, que seja ‘tru’ [rockeiro]. Se o momento é de crise, então vamos pra briga. É na crise que eu me sinto em casa, pois a gente veio de uma cena em que pegar 18 horas de ‘busão’ lá de Porto Alegre pra tocar pra 250 pessoas no Volkana (extinto bar underground de São Bernardo do Campo) era motivo de celebração. Muitos anos passaram, e se hoje a minha música me dá meios pra eu ter uma TV grande e um Xbox, pra me sustentar, então eu não me vejo em posição de choramingar que 'não está fácil', pois NUNCA foi fácil.
FONTE: http://playlist.alternativemusic.com.br/2011/04/lucas-silveira-sirsir-e-mais.html